SWISSINFO.CH, 02.09.2009

Filho de Alain Prost está pronto para a F1


Samuel Jaberg, swissinfo.ch

Filho de Alain Prost, Nicolas Prost sonha juntar-se aos suíços Romain Grosjean e Sébastien Buemi na F1, como revela em entrevista à swissinfo.ch.

O francês de 28 anos, que vive desde criança na Suíça, faz todo o possível para conseguir chegar à mais prestigiosa das categoria do automobilismo.

Prost é um sobrenome prestigioso que lembra o final dos anos 1980 e as rivalidades entre o piloto francês e Ayrton Senna. Com quatro títulos de campeão mundial de pilotos, Alain Prost tem lugar garantido nos livros de história do automobilismo.

Hoje é seu filho Nicolas que segura o volante. Como muitos outros descendentes de campeões, ele decidiu, tardiamente, seguir a rota traçada por seu pai. Suíço de adoção – ele mora em Nyon (oeste) desde que tinha uma uno de idade –, Nicolas Prost fala sobre sua trajetória atípica de piloto e fala abertamente de suas ambições

Como você reagiu à entrada de Romain Grosjean na F1?
Foi uma consequência lógica e não me surpreendeu. Ele tinha obtido ótimos resultados na F3 e na GP2. Quando eu corria com ele na Fórmula Renault, em 2004 e 2005, ele já era muito bom. Ele é muito agressivo na pista, é sua principal qualidade. Mas é uma qualidade que pode às vezes se tornar um defeito. Quando ele disputou seu primeiro Grande Prêmio, em Valência, teve um desempenho convincente. Se ele conseguir criar uma boa relação com a equipe técnica e continuar nesse ritmo, acho que ele pode se impor durante bastante tempo na Renault. Só que também existem condições econômicas e políticas que um piloto nunca controla totalmente.

Você sonha um dia formar equipe com Romain Grosjean ou acha que já está "velho" para a F1?
Dirigir na Fórmula 1 é o sonho de todo piloto. Mas é sobretudo uma questão de oportunidade. Romain soube aproveitá-la na Renault. Eu não acho que a idade seja um problema. Há pilotos relativamente idosos que ainda têm grande desempenho. Mas eu não tenho uma obsessão pela F1. Atualmente eu dirijo um protótipo no campeonato "Le Mans-Séries". É certamente o mais belo carro depois da F1. Ele me proporciona muito prazer.

Seu pai tem bons contatos na Ferrari. Não há uma oportunidade para o ano que vem?
Eu conversei muito com a Ferrari no inverno passado, depois de meu título na F 3000. Não é uma escuderia em que é fácil de se integrar. Mesmo que atualmente haja uma vaga livre com o acidente de Felipe Massa, os lugares estão mais ou menos ocupados para o ano que vem. Afora uma eventual vaga como piloto de testes, acho que vai ser difícil entrar na Ferrari em 2010.

E há outras escuderias em que você pode ter uma chance?
Não são coisas que a gente revela publicamente. Só posso lhe dizer que temos contatos regulares com três ou quatro escuderias há mais de dois anos. Mas é preciso que um lugar de piloto de testes seja liberado para o ano que vem. Deverei saber um pouco mais dentro de dois a três meses.

Por que você só começou a correr quando já tinha 22 anos?
No início meus pais não queriam que eu praticasse esse esporte. Dediquei-me então ao esqui e ao golfe, este durante meus estudos nos Estados Unidos. Meu pai queria me preservar de um meio onde gravitam pessoas nem sempre recomendáveis. Quando era pequeno, era proibido de assistir as corridas de meu pai, por receio que eu presenciasse um acidente. Claro, poderia ter sido muito mais fácil se eu tivesse começado mais cedo, mas não tenho arrependimento algum.

Antes de começar sua carreira automobilística, você fez brilhantes estudos nos Estados Unidos e depois trabalhou num banco em Genebra. Não é um arriscado largar tudo pelo automobilismo?
É, corri o risco, mas estava realmente com muita vontade. Até 2007, continuei a trabalhar em tempo parcial no setor bancário, em Genebra. Foi uma boa experiência, mas não é o ofício que eu queria praticar toda a minha vida. Acho que meus estudos me servem atualmente em minha carreira de piloto. Houve uma moda nos anos 1990 que consistia em contratar pilotos muito jovens, parar os estudos e formatá-los para fabricar campeões. Essa prática deixou muitos jovens sem nada. Hoje a maioria dos pilotos é formada. Se, aos 40 anos, Romain Grosjean não quiser mais correr, ele gozará o luxo de fazer outra coisa.

Sua família vive em Nyon (oeste da Suíça) desde 1983. Como você se sente?
Cheguei à Suíça quando tinha um ano de idade. Nunca vivi na França, que não conheço bem. O que eu gosto aqui é a calma, a limpeza e o respeito entre as pessoas. A qualidade de vida é realmente formidável e é por isso que meus pais vieram para cá há 25 anos. Eu não sairia da Suíça por nada neste mundo. Meus pais também não. Eles pensam inclusive em requerer a nacionalidade suíça.

Você compreende que Romain Grosjean decidiu correr numa escuderia francesa quando sempre viveu na Suíça?
É uma escolha dele. Para correr nas categorias inferiores precisa-se de dinheiro. Na Suíça há muita gente apaixonada pelo esporte, mas poucas grandes empresas suíças investem no automobilismo. Sem apoio de patrocinadores locais, ele foi procurá-los na França para satisfazer sua paixão.

Com o sobrenome Prost, é mais fácil encontrar um lugar no mundo do automobilismo?
Há vantagens e inconvenientes em ser filho "de". Isso abre portas e desperta mais atenção. Depois, mesmo se você prova que é bom, alguns continuam a afirmar que é unicamente por causa das relações do pai que você conseguiu chegar lá. Com o tempo, eu consegui formar uma carapaça e ignorar essas críticas.



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